quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Visão dos Espaços

    Vastidões de beleza intraduzível,
    Fulgurações entre cósmicos flagelos,
    Ideações de fúlgidos castelos
    Onde mora a beleza indefinível.
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    Ansiedades trágicas, supremas,
    Na formação das grandes nebulosas...
    Transubstanciações misteriosas
    Gerando os organismos dos sistemas.
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    Focos de potentíssima atração
    As moléculas e átomos dispersos,
    Nos elementos de elaboração
    De grandiosos e lindos universos.
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    Luminosas esteiras de cometas,
    Formosos em elipses prolongadas,
    Graciosas figuras de planetas
    Emergindo das cósmicas camadas.
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    Meteoros celestes, deslumbrantes,
    Nas excelsas alturas transcendentes,
    Onde vibram os sóis incandescentes,
    Asteróides e estrelas fulgurantes.
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    Intensidade bela de harmonia
    Que agora sinto, vejo e que percebo,
    Grandiosidades do que não concebo
    Nos apogeus das hiperestesias.
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    E, sobretudo, emanam das esferas
    Os equilíbrios das imensidades,
    O eterno canto de sublimidades,
    Clarões de luzes nas atmosferas...
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    Sobre todas as coisas assombrosas,
    Fluídos e criações de pensamentos,
    Todas as maravilhas e portentos,
    Há uma luz entre as luzes mais radiosas.
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    É o clarão poderoso, indestrutível,
    Que vem das profundezas do passado
    A luz de Deus, à força do incriado
    Na exteriorização indescritível.
    (Augusto dos Anjos, psicografia de Francisco Cândido Xavier em Lira Imortal)